Criada em 1995, a Atix atuou e atua com sucesso em melhorias das condições de transporte, saúde e educação, na geração de renda, proteção do território e valorização de suas culturas
Em 2025, a Associação Terra Indígena Xingu (Atix) completa 30 anos de trajetória marcada pelo protagonismo indígena e pela construção de novas formas de diálogo com o estado brasileiro e a sociedade.
Criada no início da década de 1990, a associação surgiu em um contexto de mudanças nas políticas indigenistas. Até então, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) concentrava praticamente todas as responsabilidades sobre os povos indígenas, como assuntos relacionados à educação, saúde, fiscalização e demarcação de terras, em uma relação marcada pelo paternalismo estatal.

Com a descentralização dessas políticas, lideranças dos povos do Xingu perceberam a necessidade de se organizar de forma independente para garantir seus direitos e estabelecer conversas diretas com diferentes esferas do poder público, incluindo governos estaduais e municipais, além de frentes de cooperação internacionais. Foi assim que, inspirados em modelos de organização externos à sua cultura e diante da urgência de proteção do território que fundaram a Atix para que pudessem representar seus próprios interesses.
Nesse processo, o ISA, também recém criado a partir da experiência do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), se consolidou como importante aliado dos xinguanos por muitos anos, com o papel de fortalecer a estrutura da Atix e promover capacitação técnica, respeitando a autonomia e independência dos povos. O trabalho conjunto, especialmente ao lado de Mairawê Kaiabi, primeira grande liderança da associação, foi fundamental para consolidar a atuação da entidade.
Trinta anos depois, a Atix é reconhecida pela capacidade de gestão de seus projetos, pela articulação política com governos e instituições e pelo papel central na defesa dos direitos e do território dos povos do Xingu no estado do Mato Grosso. Para o ISA, ser parceiro dessa trajetória é motivo de orgulho. A Atix tem hoje total autonomia e protagonismo. O ISA é e sempre será um aliado, mas o caminho foi e continua sendo construído pelos próprios povos do Xingu.
Para somar na articulação, foi criado em 2019 o Movimento Mulheres do Território Indígena do Xingu (MMTIX), focado na emancipação e participação das mulheres de diversas etnias da região nas decisões políticas. Elas buscam também representatividade e visibilidade, tanto dentro como fora de suas aldeias. Entre suas inúmeras ações, estão projetos de geração de renda, ações emergenciais para enfrentamento da pandemia e contra o desmatamento.
Em um cenário político que ainda impõe desafios e ameaças aos direitos indígenas, a história da Atix reafirma a importância da organização e do trabalho coletivo. Seus 30 anos celebram a memória das lideranças que a fundaram e sustentaram em atuação estratégia, mas também a força de um movimento que soube transformar adversidades em conquistas de autonomia e fortalecimento cultural.