"Devastamos mais da metade do nosso País pensando que era preciso deixar a natureza para entrar na história: mas eis que esta última, com sua costumeira predileção pela ironia, exige-nos agora como passaporte justamente a natureza".
Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo, um dos motes da fundação do ISA em 1994.
O ISA trabalha em parceria com povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para elaborar soluções inovadoras para os desafios enfrentados por estas comunidades e povos. Nossas iniciativas apoiam e promovem a defesa de direitos, gestão e proteção territorial, economias do cuidado, processos formativos, restauração ecológica inclusiva e produtiva. Elas são baseadas em processos de experimentações e trocas de saberes transparentes, equitativas e de longo prazo com nossos parceiros, que tem como base a valorização dos modos de vida destas populações e a garantia de seus direitos.
Nossa abordagem de atuação coloca a potência dos saberes tradicionais em diálogo com práticas legais, acadêmicas e de mercado. A inovação, produzida a partir dessa interação entre diferentes mundos, pensamentos e linguagens, oferece caminhos para o reconhecimento pela sociedade brasileira - e mundial -, que são estes povos que cuidam e protegem as florestas que prestam os serviços socioambientais para a própria sobrevivência do planeta e cada um de nós.
Há diversas outras iniciativas que apontam para soluções originais para os desafios enfrentados pelas populações indígenas e tradicionais para garantir o direito à terra, o bem-viver, a preservação de suas florestas e modos de vida, intrinsecamente interdependentes. A formação de jovens comunicadores indígenas, por exemplo, capacita tecnicamente a juventude dos territórios do Xingu e do Rio Negro em dominar a tecnologia para contar suas próprias histórias, defender seus direitos e se conectar com a cultura de seus de seus antepassados. Conheça abaixo outros exemplos de soluções desenvolvidas pelo ISA e seus parceiros locais e nacionais:
Copiô, Parente, o primeiro podcast feito no Brasil para os povos da floresta
Xingu Solar, projeto de promoção de energia fotovoltaica no Xingu
A Comissão Organizadora do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos definiu nesta terça-feira, dia 7, os vencedores e os contemplados com menção honrosa da 47ª edição. A sessão pública de julgamento foi transmitida ao vivo pelo YouTube. Cerimônia de premiação acontece dia 27 de outubro, no Tucarena, em São Paulo, antecedida da 14ª Roda de Conversa com Ganhadores.
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Troféu símbolo do Prêmio – a meia lua recortada com a silhueta de Vlado, uma criação do artista plástico Elifas Andreato|Alice Vergueiro/Acervo PVH
Daniel Camargos + Fernando Martinho + Diego Junqueira + Paula Bianchi + Bruna Damin + Débora de Maio + Beatriz Vitória + Carlos Juliano Barros | Repórter Brasil
Desde 2023, a premiação passou a ser organizada pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, associação civil de direito privado, sem fins lucrativos ou político-partidários, fundada em novembro de 2022, em São Paulo.
A entidade reúne 18 instituições da sociedade civil, além da família Herzog: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI); Artigo 19; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ); Geledés; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Instituto Vladimir Herzog, Instituto Socioambiental (ISA); Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Coletivo Periferia em Movimento; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), SBPJor – Assocação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo e União Brasileira de Escritores (UBE).
Desde a sua primeira edição, concedida em 1979, o prêmio celebra a vida e obra do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado pela ditadura civil-militar no dia 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo.
Serviço
47º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos
Roda de Conversa com os Ganhadores: 27 de outubro, segunda-feira, das 14h às 17h, no Tucarena (PUCSP) – Rua Bartira, 347 – Perdizes, SP
Solenidade de premiação: 27 de outubro, às 20h, no Tucarena (PUCSP) - Rua Bartira, 347 – Perdizes, SP.
No marco dos 50 anos do assassinato de Vlado, a Comissão Organizadora do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos instituiu, em caráter extraordinário, uma nova premiação para reconhecer produções focadas na Defesa da Democracia.
Com regulamento próprio e prazo diferenciado de inscrição, encerrado no último dia 23 de setembro, a categoria EXTRA contou com 120 produções inscritas. Conheça as finalistas:
- Allan de Abreu
Os kids pretos: O papel da elite de combate do Exército nas maquinações golpistas
- Henrique Picarell i+ Júlia Duailib + Rafael Norton + Diogo André + MJéssica Valença + Flávio Lôrdello +Lemonnier + Diego Rainho + Matheus Stone
8/1 – A democracia resiste
(GloboNews)
Os vencedores desta e das outras sete categorias tradicionais de premiação (Arte, Fotografia, Texto, Vídeo, Áudio, Multimídia e Livro-reportagem) serão conhecidos nesta terça-feira, 7 de outubro, das 14h às 18h, em sessão pública com transmissão ao vivo pelo canal do Prêmio no YouTube.
Desde a sua primeira edição, concedida em 1979, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog presta homenagem a personalidades e profissionais da comunicação que se destacam na promoção dos direitos humanos fundamentais. Também celebra a vida e obra do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado pela ditadura civil-militar no dia 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo.
Em 2023, a premiação passou a ser organizada pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, associação civil de direito privado, sem fins lucrativos ou político-partidários, fundada em novembro de 2022, em São Paulo. A entidade reúne 18 instituições da sociedade civil, além da família Herzog: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI); Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor); Artigo 19; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ); Geledés; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Instituto Vladimir Herzog, Instituto Socioambiental (ISA); Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Periferia em Movimento; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e União Brasileira de Escritores (UBE). Um arco de alianças formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), Teatro da PUC, TV PUC, Pryzant Design, CDI e OBORÉ atua como parceiros realizadores.
O 47º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos tem o patrocínio da Petrobrás e do Governo Federal por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
Sessão pública de julgamento e divulgação dos vencedores: 7 de outubro, terça-feira, das 14h às 18h. Transmissão ao vivo pelo Canal do Prêmio no YouTube
Roda de Conversa com os Ganhadores: 27 de outubro, segunda-feira, das 14h às 17h, no Tucarena (PUCSP) – Rua Bartira, 347 – Perdizes, SP
Solenidade de premiação: 27 de outubro, às 20h, no Tucarena (PUCSP) - Rua Bartira, 347 – Perdizes, SP.
As principais informações sobre o ISA, seus parceiros e a luta por direitos socioambientais ACESSE TODAS
Professores recebem formação para ampliar acesso ao PNAE em escolas indígenas do Rio Negro
Implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar enfrenta grandes desafios logísticos e estruturais diante da extensão territorial, conectividade e acesso à informação
Cerca de 60 professores da rede municipal de São Gabriel da Cachoeira (AM), além de nutricionistas e gestores, participaram entre os dias 16 e 19 de setembro da Oficina de Multiplicadores do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e demais políticas públicas alimentares no Território Rio Negro. Realizada no Telecentro do Instituto Socioambiental (ISA), a atividade teve como objetivo formar os professores como facilitadores na elaboração de projetos para o PNAE em escolas indígenas de comunidades onde o programa ainda não atingiu.
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Cerca de 60 pessoas, entre professores, gestores e parceiros, participaram da Oficina de Multiplicadores do PNAE|Juny Venceslau Cardoso
O PNAE é uma das principais políticas públicas voltadas à segurança alimentar e nutricional de estudantes da rede pública. No Rio Negro, sua implementação enfrenta grandes desafios logísticos e estruturais diante da extensão territorial, conectividade e acesso a informação.
Somente em São Gabriel da Cachoeira, há 259 escolas da rede pública municipal, das quais 251 estão em comunidades indígenas, onde a gestão cotidiana é feita pelos próprios professores. Neste universo, o programa chegou a 53 comunidades em 2024 e, em 2025, ampliou seu alcance para 66, o que torna a oficina ainda mais relevante para fortalecer e ampliar a política na região, valorizando a cultura alimentar dos povos e gerando renda para as famílias.
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Mapa mostra onde estão localizadas as escolas indígenas municipais e a presença do PNAE na região|Renata Alves/ISA
“Por isso não convidamos os agricultores, e sim os professores. Porque é o professor quem recebe a merenda, que registra no relatório a entrega dos agricultores”, explica Andreia Damasceno, assessora técnica do ISA responsável pela atividade. Segundo ela, os convidados vieram justamente de comunidades distantes, nas calhas dos rios, onde a equipe de assessoria dificilmente chega com frequência, em uma estratégia para ampliar o acesso ao programa.
Considerando esse contexto, a programação combinou momentos de exposição e prática, onde os professores e gestores puderam, com apoio dos facilitadores, compreender as normativas, ler e preencher coletivamente as etapas do processo de venda ao PNAE, além de mapear os alimentos disponíveis em cada comunidade ao longo do ano.
O nutricionista Ricardo Colares, do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane), ligado à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foi um dos parceiros e facilitadores da oficina. Ele explica que a efetivação do programa em territórios remotos, como o Rio Negro, representa um passo essencial no resgate da cultura alimentar indígena.
“Por muitos anos, as escolas receberam alimentos industrializados, que descaracterizaram os hábitos alimentares locais. Hoje, o PNAE permite valorizar e reintroduzir alimentos tradicionais, como galinha caipira, peixe, goma, farinha, beiju e pé de moleque, substituindo enlatados por uma alimentação mais saudável”, ressalta.
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Ricardo Colares, nutricionista do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (CECANE/UFAM) também falou durante a oficia|Ana Letícia Pastore/ISA
No decorrer da programação, Ricardo explicou quais alimentos são permitidos no PNAE, conforme a Nota Técnica nº 03/2020 – 6ª CCR, esclareceu as diferenças entre Chamada Pública dos PCTs e Chamada Pública Geral do PNAE e apoiou o mapeamento da produção agrícola para fornecimento ao programa. Sua contribuição trouxe elementos técnicos que ajudaram a aproximar a política da realidade das comunidades locais.
“Depois de várias reuniões no Ministério Público Federal, com órgãos da Vigilância Sanitária, do MAPA [Ministério da Agricultura e Pecuária], da [Fundação Nacional dos Povos Indígenas] Funai e outros parceiros, foi elaborada a nota técnica que facilitou o acesso do agricultor. A partir dela, não é mais necessário que um alimento passe por inspeção e protocolo sanitário, pois se reconhece que os povos indígenas produzem e consomem seus alimentos de acordo com métodos tradicionais praticados há milhares de anos”, afirma.
Segundo Andréia, a dinâmica permitiu aproximar o planejamento da realidade da produção local e das especificidades culturais da alimentação indígena, uma vez que envolveu a participação de órgãos e técnicos responsáveis pela elaboração dos editais de chamamento no município, reforçando o diálogo entre as partes envolvidas e garantindo que os processos possam ser mais adequados à disponibilidade de alimentos em cada região.
Nesta perspectiva, a nutricionista Alexandra Maria Melgueiro Delia, responsável técnica pela alimentação escolar indígena em São Gabriel da Cachoeira, avalia que a oficina representa um avanço fundamental na execução da política.
“O município é de grande extensão territorial, com comunidades de difícil acesso, onde muitas vezes não conseguimos chegar. Trazer os professores para cá e capacitá-los para elaborarem os projetos junto com os agricultores é de grande relevância. A alimentação escolar só tende a ganhar, porque gera renda no município, valoriza a cultura e garante uma oferta de comida adequada, saudável e nutritiva para as nossas crianças”, destaca.
Professor em Vista Alegre, no médio Rio Içana, João Cláudio conta que, após a formação, vai poder orientar as famílias da sua região, que muitas vezes não conseguem acessar o programa devido à burocracia e à distância da cidade para organizar a documentação necessária.
O PNAE, relata o professor, ainda não chegou à escola da comunidade e os próprios pais, para complementar a merenda escolar, costumam fazer o “ajuri”, ou seja, se juntam para entregar frutos e outros produtos das roças e quintais de forma voluntária e gratuita. Para ele, a capacitação representa a possibilidade de planejar melhor a produção local, fortalecer a participação das famílias e fazer com que os alunos possam consumir alimentos regionais no lugar dos industrializados.
“Eu fiquei satisfeito, porque já vou poder ajudar os familiares lá, os pais dos alunos principalmente, para entender qual é a necessidade para nossas regiões, orientar e eles também poderem receber por isso”, avalia o professor.
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Professor e gestor da escola na comunidade de Maturacá, na TI Yanomami, João Vicente Vilela, ressalta a importância do PNAE|Vanessa Fernandes/ISA
O professor João Vicente Vilela, do povo Yanomami, é o responsável pela gestão da Escola Municipal Indígena Horoinã, na comunidade de Maturacá, na Terra Indígena Yanomami no Amazonas, e conta que o programa era conhecido pelo nome, mas sem detalhamento de como realmente funcionava.
A partir da oficina, ele conta que pôde compreender as normativas e o direcionamento do programa, o que lhe permitirá levar informações concretas para sua comunidade e incentivar os agricultores a apoiarem as escolas.
“O PNAE é importante para a gente, porque ele faz um complemento, ele valoriza as merendas regionais voltada para a nossa realidade, para não só se focar na merenda industrial”, completa.
A oficina é uma ação que integra o projeto de processos de estruturação, governança, conexão com o mercado e incidência política para a promoção das cadeias de valor de turismo de base comunitária e de produtos da sociobiodiversidade de comunidades indígenas no Rio Negro, realizado pelo ISA com apoio financeiro do BNDES e Fundo Amazônia.
A atividade contou com a parceria da Secretaria Municipal de Educação e Educação Escolar Indígena (Semedi) e do Cecane/Ufam, além do apoio da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Secretaria Municipal do Interior, Produção e Abastecimento (Seminpa), Funai e ICMBio.
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As principais informações sobre o ISA, seus parceiros e a luta por direitos socioambientais ACESSE TODAS
Organizadores do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos anunciam finalistas da edição 2025
Vencedores serão premiados em sessão pública no dia 7 de outubro, com transmissão ao vivo pelo YouTube
Premiação acontece em 7 de outubro, em São Paulo|Divulgação
Neste ano, foram 469 produções inscritas nas categorias: Arte, Fotografia, Texto, Vídeo, Áudio, Multimídía e Livro-reportagem. No marco dos 50 anos do assassinato de Vlado, organizadores instituíram nova premiação - Categoria EXTRA - para reconhecer produções focadas na Defesa da Democracia, cujo prazo final de inscrição foi 23 de setembro, com etapa de avaliação única entre 29 de setembro e 7 de outubro.
Vencedores das sete categorias tradicionais de premiação e da Categoria EXTRA – Defesa da Democracia serão conhecidos em 7 de outubro, das 14h às 18h, em sessão pública com transmissão ao vivo pelo Canal do Prêmio no YouTube.
Desde a sua primeira edição, concedida em 1979, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog presta homenagem a personalidades e profissionais da comunicação que se destacam na promoção dos direitos humanos fundamentais.
Também celebra a vida e obra do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado pela ditadura civil-militar no dia 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo.
Na histórica edição de 45 anos, em 2023, a premiação passou a ser organizada pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, associação civil de direito privado, sem fins lucrativos ou político-partidários, fundada em novembro de 2022, em São Paulo.
A entidade reúne 18 instituições da sociedade civil, além da família Herzog: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI); Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor); Artigo 19; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ); Geledés; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Instituto Vladimir Herzog, Instituto Socioambiental (ISA); Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Periferia em Movimento; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e União Brasileira de Escritores (UBE).
Um arco de alianças formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), Teatro da PUC, TV PUC, Pryzant Design, CDI e OBORÉ atua como parceiros realizadores.
O 47º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos tem o patrocínio da Petrobrás e do Governo Federal por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
CONHEÇA OS FINALISTAS
Categoria ARTE
Diogo Braga “Racismo Ambiental: A outra emergência” Defensoria Pública do Estado do Ceará | Fortaleza/CE
Jorge Arbach “Filhos de Gaza” Instagram | Juiz de Fora/MG
Marina Duarte “Vozes (In)Visíveis: relatos de resistência LBT em Campo Grande (MS)” Editora Avuá | Campo Grande/MS
Categoria FOTOGRAFIA
Alexandre Cassiano “Sem Anistia” Jornal O Globo | Rio de Janeiro/RJ
Márcia Foletto “Antes Que Ela Veja” Jornal O Globo | Rio de Janeiro/RJ
Raphael Alves “Quando o coronavirus nãos se vai: as memória do Horror que Manaus viveu durante a pandemia” Agência EFE | Manaus/AM
Categoria PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM ÁUDIO
Igor Mello e equipe Juliana Dal Piva + Cristiano Botafogo + Camila Mercatelli + Paula Villar + Gabriela Varella + Elenilce Bottari +Eder Ribeiro + Fred Lopes + Stela Nesrine + Amon Medrado - Trilhas sonoras + João Brizzi “Projeto de Poder” – 4º episódio ICL Notícias | Rio de Janeiro/RJ
Thiago Domenici e equipe Mariama Correia + Clarissa Levy + Stela Diogo + Claudia Jardim + Luana Rocha + Pedro Pastoriz + João Ito + Marina Dias + Leticia Gouveia + Renata Cons + Bruno Penteado + Lorena Morgana + Ethieny Karen + Fernanda Diniz “Caso K - A história oculta do fundador da Casas Bahia” Agência Pública de Jornalismo Investigativo | São Paulo/SP
Vinicius Sassine e equipe Raphael Concli + Daniel Castro + Gustavo Simon + Magê Flores “Dois Mundos” – 1º episódio Folha de S. Paulo | Belém/PA
Categoria PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM MULTIMÍDIA
Anderson Araújo e equipe Emerson Da Costa Coelho Júnior “Memória, Verdade & Ditadura: as vítimas quase esquecidas de uma história que não acabou” DOL - Diário do Pará Online | Belém do Pará/PA
Artur Rodrigues e equipe Renan Porto + Fabio Leite + Rodrigo Freitas + Lilian Tahah + Otto Valle + Márcia Delgado + Olivia Meireles + Érica Montenegro + Juliana Garcês + Gui Primola + Lygia Lyra + Gabriel Lucas + Michael Melo + Italo Ridney + Caio Sales + Saulo Marques “A Política da Bala” Metrópoles | São Paulo/SP
Daniel Camargos e equipe Fernando Martinho + Diego Junqueira + Paula Bianchi + Bruna Damin + Débora de Maio + Beatriz Vitória + Carlos Juliano Barros “Ogronegócio: milícia e golpismo na Amazônia” Repórter Brasil | Belo Horizonte/MG
Categoria PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM VÍDEO
Ana Carolina Raimundi e equipe Emilio Mansur + Levi Luiz + Marcela Amodio + Marco Arantes “Cuidados Paliativos: vida até o último dia de vida” Fantástico – TV Globo | Rio de Janeiro/RJ
Ana Passos e equipe Vitor Gagliardo + Gabriel Penchel + Marcio de Andrade + Eric Gusmão + Caroline Ramos + Aleixo Leite + Wagner Maia + Maurício Azevedo Mães de luta TV Brasil – EBC | Rio de Janeiro/RJ
Iolanda Depizzol, Nina Fideles e equipe Vitor Shimomura + Camila Aguiar + Beatriz Drague Ramos + Gabriela Moncau + Gabriela Peres + Marco Antônio Vieira + Mãos Tagarelas + Isabela Gaia + Tatiana Solimeo + Cibele Lima + Carolina Apple + Monyse Ravena + Bruno Amorim + Igor Dutra + Jéssica Antunes “Território em Fluxo” Brasil de Fato | São Paulo/SP
Categoria PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TEXTO
Angélica Santa Cruz “Sorriso: Uma Biografia ? Como uma mulher risonha e sem palavras virou um fato social total” revista piauí | São Paulo/SP
Isabel Harari e equipe Carlos Juliano Barros “Trabalho infantil na indústria tech” Repórter Brasil | São Paulo/SP
Renato Alves “A chacina de Angueretá” O Tempo | Brasília/DF
Categoria LIVRO-REPORTAGEM
Natalia Viana “O Vazamento - Memórias do ano em que o WikiLeaks mudou o mundo” Editora Fósforo | São Paulo/SP
Sérgio Ramalho “Decaído” Matrix Editora | Rio de Janeiro/RJ
Tayguara Ribeiro e Marina Lourenço “O grito dos Quilombos” Editora Todavia | São Paulo/SP
Contato de imprensa: CDI Comunicação Anaísa Silva – (11) 9 8299-1567 Renata Penna Franca – (11) 9 8228-2877 Roberta Scalabrini – (11) 9 4325-4039
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As principais informações sobre o ISA, seus parceiros e a luta por direitos socioambientais ACESSE TODAS
Demandas de amazônidas devem ser consideradas em novo PNL, apontam IEMA, GT Infra e ISA
Em conjunto com o Ministério dos Transportes, organizações da sociedade civil debateram diretrizes sociais e ambientais para a logística da Amazônia, em Brasília
Jacilene Pedroso Lopes vive às margens do rio Tapajós há décadas. Pescadora, mãe, conhece cada curva do rio como quem vive na própria casa. Mas, hoje, quando lança a rede, volta com ela quase vazia. “Falta peixe”, lamenta, olhando para as águas que sustentaram sua família por gerações. “O governo precisa saber: tem vidas nas reservas do Tapajós”, ressalta Lopes. A voz da pescadora, que faz parte da Federação das Organizações e Comunidades Tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós, ecoou na sexta-feira (12) em Brasília, onde lideranças amazônidas se reuniram com o Ministério dos Transportes para uma missão urgente: garantir que o futuro da infraestrutura brasileira não destrua o presente de quem vive na floresta.
O 2º Workshop de Grupo Focal para o Plano Nacional de Logística (PNL 2050) foi promovido pelo Ministério dos Transportes (MT), Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Grupo de Trabalho Infraestrutura e Justiça Socioambiental (GT Infra) e Instituto Socioambiental (ISA). O encontro teve como objetivo debater e aprimorar os critérios socioambientais apresentados na consulta pública “Indicadores Socioambientais e Climáticos para o Plano Nacional de Logística 2050”, e aberta para contribuição. Estes critérios foram desenvolvidos para consolidar a incorporação da análise de riscos e impactos socioambientais e climáticos ao planejamento de transportes de longo prazo.
O texto apresentado e disponibilizado pelo Ministério dos Transportes na consulta pública, resumidamente, aponta que os riscos para a infraestrutura incluem trechos expostos a inundações, deslizamentos e secas, afetando especialmente a malha rodoviária e hidroviária. Já os riscos decorrentes da infraestrutura abrangem impactos sobre terras indígenas, quilombolas e comunidades vulneráveis, além de conflitos sociais. Também se destacam danos ambientais, como supressão de vegetação, perda de patrimônio espeleológico e atropelamento de fauna em Unidades de Conservação. Por fim, há o agravamento das emissões de gases de efeito estufa, medidas por transporte, investimento e ciclo de vida da infraestrutura.
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2º Workshop de Grupo Focal para o Plano Nacional de Logística (PNL 2050) foi promovido pelo Ministério dos Transportes, IEMA, GT Infra e ISA|Isis Nóbile Diniz/IEMA
Aprimoramento dos indicadores socioambientais
De modo geral, os indicadores apresentados pelo governo focaram mais na infraestrutura. Por conta disso, durante o encontro, especialistas do terceiro setor, lideranças de organizações comunitárias amazônidas e pesquisadores propuseram que fossem considerados impactos mais amplos sobre territórios e meios de vida de populações locais associados a fatores como grilagem de terras públicas, crimes ambientais e falta de reconhecimento de direitos territoriais de comunidades tradicionais. Uma das principais questões levantadas foi a falta de indicadores sobre os riscos socioambientais de hidrovias que fazem parte de corredores logísticos do agronegócio e de indústrias de mineração. Houve preocupação com a dragagem de rios, especialmente referente aos peixes e espécies da fauna em geral, assim à agricultura de várzea e à navegação de pequenas embarcações.
Desse modo, houve troca de informações e dados que poderiam contribuir para um plano logístico de infraestrutura onde os critérios socioambientais possam ser mais efetivos e indicar caminhos mais seguros para a construção de corredores logísticos no território nacional.
Em relação aos critérios apresentados, os principais temas para melhoria nos indicadores, apontados pelos amazônidas, pesquisadores e especialistas do terceiro setor foram: análise de alternativas para os traçados dos transportes e de impactos cumulativos e indiretos das obras; dados detalhados sobre hidrovias, portos, cargas, passageiros, acidentes e conflitos territoriais; critérios socioambientais com governança territorial, bem-estar, aspectos socioculturais, ecossistemas e mudanças climáticas; necessidade de integração a outros planos setoriais e de medidas para salvaguardar terras públicas não destinadas; consulta Livre, Prévia e Informada com participação das comunidades afetadas; indicadores e análises menos fragmentadas de obras, com visão sistêmica dos projetos; urgência de institucionalizar o planejamento, vinculando-o ao orçamento público e consolidando critérios socioambientais em política de Estado.
Mariel Nakane, do Instituto Socioambiental (ISA), enaltece a importância da abertura do debate com as comunidades impactadas, a academia e a sociedade civil: “Os indicadores socioambientais do PNL 2050 podem refletir o acúmulo que a sociedade tem com as experiências negativas de projetos de transportes, e aproveitar a oportunidade de inaugurar um legado no planejamento setorial de transportes comprometido com não reproduzir os mesmos erros anteriores”.
Renata Utsunomiya, do GT Infraestrutura e Justiça Socioambiental, destacou a necessidade da inserção de dados sobre cargas, passageiros, riscos e acidentes, portos e conflitos territoriais e reforçou que a emissão de gases efeito estufa não pode ser critério único no modal. “É preciso considerar como diferentes ameaças interagem e afetam o território”, diz Utsunomiya.
Alinhar o planejamento de infraestruturas de transportes de forma integrada a outros planos setoriais, em especial o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), foi um dos principais pontos levantados por André Luís Ferreira, diretor-executivo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Em relação ao planejamento, Ferreira apontou que é essencial elencar quais são as alternativas para resolver os problemas de infraestrutura existentes, os riscos sociais e ambientais de cada uma das alternativas, e como comparar essas alternativas e selecionar os projetos, considerando que existem indicadores de dimensões muito distintas como econômicos, sociais e ambientais.
Aliás, projeções da matriz origem-destino disponibilizadas pelo MT apontam que, até 2050, a produção de milho na região da Amazônia Legal deve triplicar, de 47 milhões para 133 milhões de toneladas. “Historicamente há uma pressão para essas mercadorias saírem pelo Arco Norte, passando por regiões do Madeira, do Tapajós-Xingu e do Tocantins-Araguaia. Mas há várias alternativas que devem ser avaliadas”, afirmou.
A falta de avaliação de alternativas e o subdimensionamento de impactos de obras foram reforçados por William Leles, do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ao apresentar projeções para a Ferrogrão (EF-170), ele demonstrou que, em vez de reduzir pressões, a obra tende a intensificar a movimentação de cargas na região, aumentando conflitos. “Se ela for construída, a movimentação no local aumenta, inclusive em rodovias. Isso vai trazer conflito de terras e mais impacto”.
Segundo o pesquisador, é preciso considerar que os efeitos de uma ferrovia não se limitam ao traçado da obra, mas se estendem do ponto de origem da mercadoria até o de embarque. “Não tem limite para impacto causado”, afirmou. Dados apresentados pelo pesquisador apontaram que a alternativa do Corredor Leste-Oeste (das ferrovias Fico-Fiol) pode gerar menos impacto ambiental e ainda contribuir para aliviar a sobrecarga logística em Mato Grosso.
Bruno Ab’Saber, representante do Ministério do Meio Ambiente, destacou a importância de considerar as terras públicas não destinadas no planejamento que, de acordo com dados estimados apresentados, somam 120 milhões de hectares, sendo 40 milhões federais e 80 milhões estaduais. “É difícil você ter um nível de fiscalização nessas áreas, isso faz com que elas sejam um ímã onde uma diversa gama de atores e fenômenos se dirigem, com diferentes impactos sobre os ecossistemas, sobre os povos indígenas, povos quilombolas e povos comunidades tradicionais que habitam nessas regiões”, afirmou.
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Iremar Ferreira, do Instituto Madeira Vivo, falou sobre os problemas relacionados aos impactos de obras na vida da população local e no meio ambiente|Isis Nóbile Diniz/IEMA
Participação de lideranças amazônidas
Um dos pontos centrais do encontro foi o espaço de participação de lideranças das regiões do Madeira, Tapajós e Tocantins, que reforçaram o histórico de desrespeito à Consulta Livre Prévia e Informada (CLPI), garantida pela Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “É responsabilidade do Estado informar quais serão os ônus e bônus de qualquer empreendimento. A proposta do corredor logístico no rio Tapajós, até o momento não aconteceu a CLPI aos povos que estão às margens do rio”, salientou Lucas Tupinambá, vice-presidente do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns. “Muitas vezes, políticas construídas dentro de gabinetes podem estar destruindo vidas na Amazônia, nas margens de rios da Amazônia. É importante ouvir o nosso povo”, alerta.
Os moradores da região amazônica levaram problemas relacionados aos impactos de obras sem o devido planejamento na vida da população local e no meio ambiente. “Hoje, têm estudos demonstrando o aumento de acidentes no rio Madeira, inclusive de embarcações, e o desafio de fazer navegação”, disse Iremar Ferreira, do Instituto Madeira Vivo. A passagem da balsa e a movimentação de cargas danificam moradias fluviais, várzeas e barrancos, evidenciando a falta de segurança na hidrovia.
Cristiane Vieira da Cunha, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, na região do Tocantins-Araguaia, reforçou que é necessária gestão integrada, governança interministerial e intersetorial, compromisso com sustentabilidade e análise cumulativa dos impactos para minimizar impactos. “A hidrovia Tocantins-Araguaia, no modo como está sendo planejada, só poderá ter uma viabilidade futura se outras infraestruturas forem construídas, como uma hidrelétrica. Isso causa impactos múltiplos, sistêmicos.” Projetos analisados de forma fragmentada perdem a visão integral dos problemas, desconsiderando conflitos, impactos sobre comunidades locais e riscos a espécies em extinção, como a Tartaruga-da-Amazônia e o Tracajá.
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Lucas Tupinambá, vice-presidente do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns, reforçou o histórico de desrespeito à Consulta Livre Prévia e Informada (CLPI)|Isis Nóbile Diniz/IEMA
Na Bacia do Tapajós, grandes projetos geram conflitos sociais e impactos ambientais, incluindo contaminação por agrotóxicos, prejuízos à pesca e à subsistência ribeirinha, agravados pelo transporte de barcaças e dragagem do rio.
Segundo Ferreira, o planejamento deve ir além do Plano Nacional de Logística para ser efetivo, abrangendo todas as etapas do Planejamento Integrado de Transportes (PIT) e planos setoriais, considerando riscos socioambientais. Ele concluiu afirmando que o processo de planejamento deve ser institucionalizado, transformado em lei, para o trabalho não ser descontinuado. “Atualmente, nada impede que o governo execute um projeto que não passou pelas etapas de planejamento. É preciso vincular os produtos resultantes do planejamento setorial ao orçamento público, consolidando esses avanços em uma verdadeira política de Estado.”
Representantes do terceiro setor, pesquisadores e lideranças amazônidas destacaram a satisfação com o espaço aberto para troca de informações e participação da sociedade, reforçando que essa interlocução é essencial para tornar o processo de planejamento de infraestrutura mais transparente, inclusivo e adequado às necessidades socioambientais dos territórios. O encontro ocorreu no âmbito do 6º Plano de Ação Nacional em Governo Aberto.
Em raros momentos da história, lideranças indígenas, ribeirinhos e quilombolas sentaram à mesa com o Ministério dos Transportes para falar sobre o futuro da infraestrutura brasileira, analisando os critérios socioambientais. E não como espectadores, mas como protagonistas da solução.
Também participaram da reunião representantes das organizações: Infra S.A., MapBiomas, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e lideranças de territórios da Amazônia, assim como representantes de órgãos públicos: Controladoria-Geral da União (CGU), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INDE/IBGE), Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do Planejamento (MP), Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Ministério de Portos e Aeroportos (MPA), Secretaria Especial do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Secretaria de Participação e Parceria Institucional da Casa Civil da Presidência da República (SEPPI/CC/PR), Subsecretaria de Sustentabilidade do Ministério de Transportes (SUST/MT) e Tribunal de Contas da União (TCU).
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Documento propõe indicadores ecológicos de monitoramento para o Plano Estadual de Recuperação da Vegetação Nativa do Pará
Monitorar a restauração com indicadores ecológicos é fundamental para assegurar que sejam gerados benefícios duradouros para a sociedade e a natureza
Ao centro, Edézio Miranda, técnico da Caminhos da Semente/Agroicone, em oficina de monitoramento em área restaurada por semeadura direta de muvuca|Andréa Ono/ISA
Assinado por Aliança pela Restauração na Amazônia, Redário, Caminhos da Semente, Projeto Regenera e Centro Capoeira, o documento propõe diretrizes para a construção de um protocolo estadual de monitoramento em campo, com indicadores e métricas capazes de avaliar o desempenho ecológico da restauração, independente da metodologia adotada, como etapa essencial para o alcance da meta estadual de restaurar 5,6 milhões de hectares até 2030.
Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 - COP30, prevista para ocorrer entre 10 e 21 de novembro na capital paraense, a Nota Técnica chama a atenção para compromisso assumido pelo Brasil de restaurar 12 milhões de hectares até 2030 e que essa meta está ancorada em leis e políticas públicas nas diferentes esferas de governo.
Baseado nas Recomendações para o Monitoramento da Restauração na Amazônia, publicação da Aliança pela Restauração na Amazônia de 2022, o documento, recebido pela diretora de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais, Indara Martins Aguilar Roumié, destaca a necessidade de o Pará estabelecer normas estaduais de monitoramento que integrem métodos de campo e sensoriamento remoto, garantindo a qualidade dos resultados.
“Tais medidas são fundamentais para assegurar governança, segurança técnico-jurídica e adesão social, além de criar condições favoráveis para atrair investimentos e garantir que a restauração gere benefícios duradouros para a sociedade e a natureza”, diz o documento.
“A Nota reforça as recomendações da Aliança de 2022, fruto de um processo rico e participativo que envolveu muitas organizações e pessoas especialistas, e nos coloca à disposição de auxiliar a Semas-PA nos próximos passos”, explica Danielle Celentano, técnica do Instituto Socioambiental (ISA) e uma das autoras da nota entregue à SEMAS/PA durante o workshop de Planejamento e Monitoramento da Recuperação Florestal do Pará (PRVN).
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RAISG reúne tecnologia, ciência e comunicação em lançamentos pela defesa da Amazônia
Em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, rede apresentou o aplicativo AMA 2.0, divulgou dados inéditos e lançou uma animação sobre sua trajetória de quase 20 anos
A Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), rede formada por oito organizações da sociedade civil dos países amazônicos, entre elas o Instituto Socioambiental (ISA), realizou em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, o evento “Amazônia em chamas: Dados que alertam, gente e água mais vulnerável”, organizado pela Fundação Amigos da Natureza (FAN), membro boliviano da rede. A atividade marcou três lançamentos: o novo aplicativo AMA 2.0, dados atualizados sobre o sistema hídrico continental mais extenso do planeta, a dinâmica demográfica e os incêndios florestais na região, além de uma animação sobre a trajetória e atividades da RAISG.
Assista!
No início do evento, realizado no dia 11 de setembro, RAISG divulgou resultados preliminares e alarmantes do Relatório de Áreas Queimadas na Amazônia até 2024. O estudo apontou que, no ano passado, a região enfrentou uma das piores temporadas de fogo já registradas, com mais de 2,9 milhões de focos de calor detectados.
Brasil e Bolívia concentraram 95% das ocorrências, em grande parte devido à seca extrema.
Os dados revelam que, entre 2016 e 2024, a superfície afetada por queimadas chegou a 188 milhões de hectares, área equivalente a quase quatro vezes o território da Espanha. Em 2024, 57% ocorreram no Brasil e 28% na Bolívia. Cerca de 39% das áreas queimadas estavam em florestas, ecossistemas que não são adaptados ao fogo e perdem rapidamente carbono, biomassa e biodiversidade após cada evento.
As análises também mostram que, embora a maioria das áreas (52%) tenha queimado apenas uma vez no período analisado, 7% foram queimadas entre cinco e nove vezes, revelando pontos de alta recorrência que comprometem a regeneração e aumentam a vulnerabilidade socioambiental.
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Rodrigo Torres, pesquisador na Fundação Ecociencia do Equador e Raisg, exibe estudo de áreas queimadas na Amazônia|Ritaumaria Pereira/Imazon
O relatório mapeou ainda o comportamento das queimadas ao longo do ano. Os meses de agosto a novembro concentram a maior parte dos focos, período em que a seca e a ação humana se combinam para expandir o fogo em áreas de pastagens, savanas e florestas. RAISG alerta que a combinação de mudanças climáticas e eventos extremos como o El Niño vem intensificando a ocorrência de queimadas em áreas antes consideradas resistentes, como florestas úmidas.
A análise também apontou a incidência de queimadas em Terras Indígenas e Áreas Naturais Protegidas, que historicamente funcionam como barreiras contra a degradação. Em 2024, milhões de hectares desses territórios foram atingidos, evidenciando o avanço das pressões mesmo sobre áreas legalmente reconhecidas. Segundo RAISG, isso compromete tanto os modos de vida das comunidades locais quanto a conservação de serviços ecossistêmicos fundamentais, como a regulação climática e a proteção das águas.
Mudanças demográficas e hídricas
Para chegar aos resultados sobre o fogo, também foram analisados dados demográficos e hídricos. A população amazônica quase dobrou nos últimos 40 anos, passando de 29 milhões de pessoas em 1985 para 58 milhões em 2025. Mais da metade dessa população está concentrada em apenas dez grandes bacias hidrográficas, como Mamoré, Tocantins e Negro.
Esse crescimento se traduziu em maior urbanização – hoje 72% da população amazônica vive em áreas urbanas – e aumento da pressão sobre água, energia, infraestrutura e alimentos.
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Cícero Augusto, pesquisador do ISA e da Raisg, apresenta panorama demográfico da população da Amazônia|Ritaumaria Pereira/Imazon
O relatório também destacou que a Amazônia é o maior sistema hídrico continental do planeta, responsável por cerca de 20% da descarga de água doce para os oceanos. No entanto, pressões como desmatamento e queimadas vêm comprometendo a qualidade da água.
Campanhas de monitoramento realizadas em diferentes rios amazônicos encontraram coliformes totais e fecais em todos os pontos analisados, além de metais como ferro, alumínio e manganês. Foram identificadas ainda altas concentrações de mercúrio em sedimentos e peixes em regiões do Peru e da Bolívia, ultrapassando os limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, o que representa risco direto à saúde de populações humanas e ecossistemas aquáticos.
Como parte dos esforços de RAISG para avançar em inovação, tecnologia e comunicação, foi lançado no encontro o aplicativo AMA 2.0, versão para celular da plataforma de monitoramento socioambiental da rede.
Aberta ao público e disponível em todas as plataformas, a ferramenta reúne 23 camadas de informação que permitem acompanhar em tempo real pressões como desmatamento, focos de calor, mineração, expansão de infraestrutura e mudanças no uso do solo.
O sistema também traz indicadores de degradação, como fragmentação de habitats, impactos sobre corpos d’água e variações no carbono florestal.
Outro destaque é a ênfase no papel estratégico das Terras Indígenas e Áreas Protegidas como barreiras à destruição, além da integração de dados sobre biodiversidade, serviços ecossistêmicos e conectividade ecológica.
O evento foi marcado também pela exibição de uma animação da RAISG, que apresenta a trajetória da rede desde 2007, sua metodologia de produção de informações socioambientais acessíveis e confiáveis e a importância de torná-las disponíveis a comunidades, pesquisadores, jornalistas e tomadores de decisão.
O material audiovisual, elaborado pela secretaria executiva da rede, destaca as principais linhas de trabalho, como monitoramento do fogo, desmatamento, conectividade ecológica, demografia e recursos hídricos , e reforça a necessidade de cooperação transnacional para enfrentar as múltiplas ameaças à Amazônia.
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‘Memórias do Cacique’: Raoni nos fortalece e ensina a sonhar
Trajetória em defesa dos povos indígenas ganha registro inédito em livro escrito com seus netos, com ensinamentos sobre política, espiritualidade e cosmologia Mẽbêngôkre-Kayapó
O cacique Raoni Mẽtyktire lançou na última terça-feira (09/09), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, o livro Memórias do Cacique. Reconhecido como uma das vozes mais influentes do Brasil na defesa dos povos indígenas e de seus territórios, Raoni iniciou seu ativismo em 1960, aprendeu português e teve papel fundamental na demarcação de Terras Indígenas e no reconhecimento dos direitos indígenas na Constituição de 1988.
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“Me escutem! Minhas palavras são para o nosso bem viver, quero que vocês sejam felizes”, disse Raoni Mẽtyktire emocionado durante a cerimônia de lançamento de seu livro|Kamikia Kisedje/Rede Xingu+
O lançamento contou com a mediação de Danna Dantas (Companhia das Letras) e a participação de Raoni Mẽtyktire, seus netos Beptuk Metuktire, Patxon Mẽtyktire, Paimu Txucarramãe, e do antropólogo Fernando Niemeyer.
Sua biografia vai muito além da longa trajetória em defesa dos povos indígenas: reúne um percurso etnográfico sobre a vida social, mitologia e cosmopolítica Mẽbêngôkre-Kayapó a partir de suas memórias e sonhos.
Raoni pertence ao povo Mẽbêngôkre, também conhecidos como Kayapó, subgrupo Mẽtyktire e falantes de línguas do tronco macro-jê.
Em Memórias do Cacique, o leitor acompanha a trajetória de Raoni Mẽtyktire a partir da conversão da sua memória oral em sua língua materna para a forma escrita em português brasileiro.
Os relatos, dirigidos inicialmente a seus netos, foram por eles traduzidos e editados em parceria com o antropólogo Fernando Niemeyer, que elaborou a pesquisa e o roteiro para orientar as entrevistas.
Muitos netos de Raoni participaram da elaboração da obra, principalmente os que assinam o prefácio, Beptuk Metuktire, Patxon Mẽtyktire e Paimu Txucarramãe compartilharam com o público a trilha de construção de Memórias do Cacique.
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“Todas essas histórias irão servir para as próximas gerações, para os Mebêngôkre-Kayapó que não vão conhecer o meu avô, mas poderão conhecer essa história”, afirmou Paimu Txucarramãe sobre a importância do livro|Kamikia Kisedje/Rede Xingu+
“Começamos desde o início com outros netos, como o finado Bepro, que foi uma das pessoas mais importantes nessa construção, e o Roiti Metuktire. Foi um trabalho de união e harmonia, em que todos nós estávamos juntos, aprendendo e compartilhando as mensagens do nosso avô. O processo de construção do livro é como um museu de conhecimento e quando nosso avô se for, nós seremos o museu dele. Vamos continuar transmitindo para nossos filhos e netos tudo que aprendemos durante a construção do livro”, compartilhou Beptuk Metuktire.
Patxon Mẽtyktire contou que sempre traduziu assuntos políticos para o seu avô. Ser um dos tradutores de Memórias do Cacique levou-o a entrar em contato com todo o universo cosmológico presente na memória de Raoni.
“Foi um aprendizado, pois ele contou coisas que a gente não sabia, da época dele de criança antes do contato. Ele falou sobre suas primeiras visões de pajé, a maneira como os Mẽbêngôkre-Kayapó se relacionam socialmente, as falas rituais, e teve um momento que olhamos um para o outro e perguntamos, e aí, como vamos traduzir isso para o português?”, contou durante a cerimônia.
“Eles sentiram o peso dessa responsabilidade. Na cultura deles é dever de um avô explicar a tradição e é dever de um neto aprender com o avô. Vimos eles fazendo deste livro um processo da reprodução da cultura Mẽbêngôkre-Kayapó de outra forma”, disse Fernando Niemeyer.
Para o antropólogo, que atua com os Mẽbêngôkre-Kayapó desde 2011, Raoni é eterno e é uma honra ser conterrâneo e contemporâneo dessa grande liderança.
“Daqui a muitos séculos Raoni será lembrado, e ele deixar esse livro para as próximas gerações Kayapó, e para a nossa sociedade, é uma contribuição muito importante que ele queria trazer. Tivemos o privilégio de apoiá-lo. Quem está perto dele sente essa força e vocês, que estão no mesmo espaço que ele, conseguem sentir a força que ele carrega”, disse.
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O antropólogo Fernando Niemeyer foi o responsável pela pesquisa e organização da publicação, com os netos linguistas e comunicadores de Raoni Mẽtyktire|Kamikia Kisedje/Rede Xingu+
“É uma trajetória que, espero, nós tenhamos coragem para chegar perto do que o nosso avô é”, afirmou emocionado Patxon Mẽtyktire.
Com a biografia, Raoni deixa ensinamentos muito importantes sobre sua luta, como a demarcação de territórios e conquistas de direitos para os povos indígenas. Ele também ensina que sua luta política é indissociável da dimensão xamânica, do lugar que ele acessa como pajé, da sua relação com os espíritos dos animais, dos peixes, das chuvas e dos ventos.
“Quero aproveitar e falar sobre minhas visões, pois sou pajé também. Tenho visto várias coisas, por exemplo: cheguei a encontrar os donos dos ventos e eles me mostraram que os ventos fortes estavam arrancando todas as folhas. Eu vi. Pude ver também pessoas que tem luz. E eles me disseram que essas ações na terra, como desmatamento, traz calor cada vez mais forte. Sei que na Câmara tem projetos de destruição e fico preocupado com a consequência que isso pode trazer para nós. Coisas muito ruins podem acontecer.”
Para Raoni, ao desmatar não perderemos apenas árvores, mas todo um universo de espíritos, fundamentais para o equilíbrio da vida.
Ele mostra também como o sonho é importante, uma forma de agir no mundo e transformar a realidade, algo que outros intelectuais indígenas como Davi Kopenawa e Ailton Krenak trazem em seus livros: uma forma de agir no mundo. Com um estilo que aproxima o leitor das memórias e dos sonhos dos Mẽbêngôkre-Kayapó, Raoni convida a sonhar a partir da cosmologia de seu povo, em uma narrativa que torna o estado de vigília como um importante momento para as decisões que orientam a política e a vida social entre os Mẽbêngôkre-Kayapó desafiando a maneira como a sociedade não indígena não leva em consideração a importância dos sonhos para suas vidas.
Beptuk Metuktire disse que, durante a construção do livro, seu avô sempre falou que é pajé e os netos sabem que ele é pajé. “Eu costumo comentar que enquanto estávamos gravando o meu avô surgiam cobras e corujas na janela do quarto, nos olhando. Acredito que era o chamado da natureza para construir esse livro”.
Entender como podemos aprender a sonhar, como Raoni, talvez seja o primeiro passo para escutar o chamado da natureza e viver em paz.
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A deputada federal Célia Xakriabá marcou presença na cerimônia de lançamento do livro, celebrando a trajetória de luta e resistência do cacique|Kamikia Kisedje/Rede Xingu+
O livro Memórias do Cacique é uma publicação da Companhia das Letras e contou com o apoio do Instituto Socioambiental (@socioambiental), do Instituto Sociedade, População e Natureza (@ispn_brasil) e do Instituto Raoni (@institutoraoni).
Durante a organização da cerimônia de abertura, os netos discutiram a sequência dos cantos e escolheram finalizar a cerimônia com o Kôrãti, que é um canto que os Mẽbêngôkre-Kayapó cantam para celebrar grandes conquistas. O canto consta no primeiro capítulo do livro, e faz parte do episódio mítico da origem da agricultura e diferenciação dos povos. “O livro foi uma grande vitória para nós, conseguimos concluir depois de cinco anos e estamos apresentando ele para vocês, por isso agora vamos cantar o Kôrãti:
Kôrãti…Krãtôitxô kamã arôrô arôrô ne kôrãti krãtôitxô kamã arôrô arôrô Grande surubim sobre o tracajá boia boia E o grande surubim sobre o tracajá boia, boia
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EXPOTIX 2025 celebra os 30 Anos da ATIX e a diversidade de povos, culturas e alimentos do Xingu
Feira e comemoração reúnem representantes dos 16 povos do Território Indígena do Xingu (TIX) e conta com exposição de produtos tradicionais, troca de saberes e apresentações culturais, promovendo o fortalecimento das economias indígenas
O Território Indígena do Xingu (TIX) se prepara para celebrar a diversidade de povos, culturas e alimentos, além de fortalecer as economias indígenas. Entre os dias 16 e 19 de setembro acontece a 2ª Feira e Exposição dos Produtos do Território Indígena do Xingu (EXPOTIX), edição comemorativa dos 30 anos da ATIX (Associação Terra Indígena Xingu). O encontro acontece na aldeia Khikatxi, TI Wawi, e contará com representantes dos 16 povos do Território Indígena do Xingu.
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Assim como em 2023, EXPOTIX 2025 terá danças tradicionais e exposição de artesanato|Tairu Kayabi Juruna/Rede Xingu+ 2023
“A EXPOTIX e os 30 anos da ATIX mostram a força dos povos do Xingu em proteger a floresta e fortalecer uma economia sustentável com respeito à cultura e aos saberes tradicionais”, afirma o presidente da ATIX, Ianukula Kaiabi Suiá.
A ATIX atua, desde a sua fundação, em 1995, pela proteção territorial e promoção de direitos indígenas, no fortalecimento e adequação de políticas públicas e na valorização cultural, ambiental, social e econômica das comunidades.
A comemoração dos 30 anos da associação será no dia 16 com a presença do presidente atual, Ianukula Kaiabi Suiá, e seus antecessores. Haverá um torneio de arco e flecha para marcar a data, além de uma exposição com o histórico de lutas e conquistas da associação indígena.
No dia 17 terá início a EXPOTIX, ponto de encontro e troca, onde os participantes poderão apresentar suas produções, compartilhar técnicas e celebrar suas culturas. Entre as atrações estão os preparos tradicionais, numa proposta de restaurantes indígenas.
A feira contará com uma grande diversidade de itens, incluindo polvilho, farinha, sucos, banana, mel, pimenta e produtos como farinha de peixe e massa de pequi e murici. Haverá ainda a troca de mudas e sementes, fortalecendo a agricultura e a segurança alimentar na região. Além dos produtos tradicionais, haverá uma variedade de artesanatos.
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Entre as atrações estão os preparos tradicionais, com produtos como o pequi. Na foto, a semente do fruto|Rogério Assis/ISA
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O pequi é um alimento versátil e usado de diversas formas ajuda a fortalecer a cultura e a segurança alimentar na região|Rogério Assis/ISA
A EXPOTIX é também um espaço de diálogo e reflexão. Estão programadas rodas de conversa sobre temas importantes para as comunidades, incluindo os desafios e impactos das mudanças climáticas, adaptação e manejo do fogo.
Haverá uma roda de conversa específica das mulheres, onde serão relatadas as observações sobre os impactos dos extremos do clima no dia a dia das roças e da comunidade. Liderança e ativisita, Watakakalu Yawalapiti estará presente, assim como a coordenadora do Departamento de Mulheres da ATIX (ATIX-Mulher), Alawero Mehinako.
O evento também contará com discussões sobre o papel de iniciativas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e as iniciativas da Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos (Catrapovos).
Para além de fortalecer a segurança alimentar, a diversidade da alimentação indígena compõe as economias da sociobiodiversidade - as economias dos povos indígenas e outros povos tradicionais -, que vêm se estabelecendo como essencial no combate à emergência climática.
Com economias que têm por base sistemas agrícolas e de saberes tradicionais, esses povos produzem cultura e alimentos e, ao mesmo tempo, preservam o ambiente. Dessa forma, suas práticas são promotoras de biodiversidade, cuidado com a água e regulação climática.
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O encontro acontece na aldeia Khikatxi, no Polo Wawi, TI Wawi, e contará com representantes dos 16 povos do Território Indígena do Xingu|Kamikia Kisedje
Programação cultural
A programação cultural será um ponto alto, com apresentações incluindo o artista Eric Terena e outros talentos indígenas locais, unindo a tradição com ritmos vibrantes.
Durante o encontro será exibido o filme Sukande Kasáká | Terra Doente, dirigido por Kamikia Khisêtjê e Fred Rahal e premiado em festivais. O filme mostra a pressão sobre o TIX do agronegócio, com o agrotóxico contaminando o solo, a água e os alimentos, e trazendo sérias ameaças para a saúde das comunidades.
Para fechar a EXPOTIX, será realizado um grande Moitará – ritual de troca –, fortalecendo relações e a economia que gera fartura e preserva a floresta.
O encontro é realizado pela ATIX em parceria com a SECEL/MT, Governo de Mato Grosso, Ministério da Cultura e Governo Federal, no âmbito do EDITAL Nº 08/2023/SECEL-MT CRIATIVO – Feiras de Economia Criativa e Solidária – Edição Lei Paulo Gustavo, com apoio da Embaixada da França no Brasil, Energisa MT, FUNAI, Instituto Socioambiental - ISA, Dsei - Xingu, Unifesp (Projeto Xingu), Imaflora, Rede de Sementes do Xingu, Rede Xingu Mais, AIK Produções, e Coiab.
Agenda
2ª ExpoTIX e comemoração dos 30 Anos da ATIX
16/09 - Cerimônia de comemoração dos 30 anos da ATIX
Atividades:
- Exposição do histórico da ATIX
- Danças e torneio de arco e flecha
17, 18 e 19/09 - 2ª ExpoTIX 2025
Atividades:
- Exposição e feira de produtos e artesanatos indígenas;
- Rodas de conversa sobre economia indígena e valores culturais, com participação de representantes do poder público, parceiros e lideranças indígenas;
- Danças e cantos culturais;
- Desfile da identidade cultural do Xingu;
- Shows com os artistas Maitaré Kaiabi, Mulekes da Aldeia. Participação especial do DJ Eric Terena;
- Encerramento com grande Moitará entre povos Xinguanos
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Rede de Sementes do Vale do Ribeira chega à Feira Pétala por Pétala no Sesc Interlagos, em SP
Oficina gratuita convida o público a “pisar a terra” e experimentar a muvuca, método de semeadura direta com espécies nativas da Mata Atlântica
A Cooperativa da Rede de Sementes do Vale do Ribeira leva para a 13ª edição da Feira de Práticas Socioambientais Pétala por Pétala, no Sesc Interlagos, neste sábado (13/09), a vivência da “Muvuca de Sementes”, conhecida também como método de semeadura direta, com Giovanna Bernardes, engenheira agrônoma e responsável técnica da Rede, e Zélia Pupo, coletora de sementes e elo do grupo de coletores do Quilombo André Lopes.
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A Rede de Sementes do Vale do Ribeira atua desde 2017 e reúne coletores de cinco comunidades quilombolas de Eldorado e Iporanga|Andressa Cabral Botelho/ISA
A técnica consiste em misturar sementes de espécies florestais nativas, agrícolas e de adubação verde, junto a um material que auxilia na homogeneização, como areia, serragem ou terra. As espécies são escolhidas de acordo com o ecossistema local e a sucessão florestal, promovendo a formação de novas florestas e sua longevidade.
Com o tema “Pisar a Terra”, a Feira busca inspirar reflexões sobre a relação que estabelecemos com a terra a partir de diferentes perspectivas e em diálogo com as questões socioambientais contemporâneas.
Como parte da programação, o Instituto Socioambiental (ISA) e a Cooperativa da Rede de Sementes do Vale do Ribeira reforçam ainda o aspecto ecológico e comunitário da muvuca de sementes, que valoriza o conhecimento tradicional, incentiva a participação popular no reflorestamento e cria pontes entre o meio rural e urbano, contribuindo para a conservação da biodiversidade.
Além da atividade, Alina Morato e Omelina Santos, coletoras do Quilombo André Lopes estarão com um estande ao longo do evento no sábado e no domingo, expondo o Guia de Sementes "Do Quilombo à Floresta", além de algumas sementes e produtos quilombolas.
A oficina acontece no Hall do Viveiro de forma gratuita e tem duração de 180 minutos a partir das 13h. A Feira de Práticas Socioambientais Pétala por Pétala é uma realização do Sesc São Paulo com apoio do Consulado Geral da Alemanha em São Paulo.
Sobre a Rede de Sementes do Vale do Ribeira
A Rede de Sementes do Vale do Ribeira é uma iniciativa que atua desde 2017 na região do Vale do Ribeira, no sudeste de São Paulo. Atualmente, reúne cinco comunidades quilombolas (André Lopes, Bombas, Maria Rosa, Nhunguara e São Pedro), localizadas nos municípios de Eldorado e Iporanga. O objetivo é fornecer sementes florestais nativas com qualidade e em quantidade para a restauração ecológica do bioma Mata Atlântica.
As sementes da Rede já foram utilizadas em diversas regiões do Estado de São Paulo. Em 2024, venderam mais de 1 tonelada de sementes, contribuindo para a restauração da Mata Atlântica e gerando uma renda superior a 130 mil reais para 60 famílias quilombolas.
Serviço
Muvuca de Sementes com a Cooperativa da Rede de Sementes do Vale do Ribeira na Feira de Pétala por Pétala
Local: Hall do Viveiro, no Sesc Interlagos
Dia e horário: Sábado, 13/09, a partir das 13h
Duração: 180 minutos
Entrada gratuita e por ordem de chegada
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